quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A que me cheira o Mar?

Olho em meu redor
vejo a imensidão do Mar
tento memorizar
mas não consigo fixar!

Cheiro, Cheiro,
mas não consigo identificar
nenhum igual...

Viro-me e ouço gaivotas
elas acompanham as ondas
vão acima e vão abaixo
espalhando o seu sal.

Caminho pelas areias frias,
Olho para o céu,
O sol já dorme
e as estrelas tímidas vão surgindo.

Fecho os olhos
tento associar
A que me cheira o Mar?

Olho o horizonte,
Vejo uma linha infinita
uma cor no fundo,

Chamo, mas não me ouço
que voz é esta que não é minha?

Fecho os olhos,
A que me cheira o Mar?

O azul do céu é igual ao ... Mar
a areia de tanto olhar é branca
como a espuma da maré

A que me cheira o Mar?

terça-feira, 2 de junho de 2009

"Além de ser uma réplica do Realismo irónico queirosiano (...) o Realismo Lírico de Cesário Verde será o seu espaço de autenticidade anti-retorista, com versos magistrais, solubres e sinceros"


Cesário Verde tentou na sua modesta forma de ser copiar o realismo irónico de Eça de Queirós, mas a sua ousadia não foi bem interpretada. Alguns contemporâneos não viram com bons olhos a actividade poética de Cesário. Assim, o realismo lírico por ele utilizado transformou-se num esforço e numa autenticidade anti-retorista utilizado para concretizar o seu objectivo uma nova estática modernista: os versos magistrais, solubre e sinceros.
No intuito de explicar a poética Cesariana devemos compreender o interesse que o move pela captação do real. Ele só escrevia nas horas vagas, pois a sua profissão consistia na actividade comercial na loja do pai. Cesário debate-se entre dois mundos num conflito entre uma irreprimível vocação poética, sonhador e imaginativo. Por outro lado a profissão fez dele um homem pragmático positivo, observador e atento aos pormenores concretos do meio ambiente que o rodeia.
O dualismo entre comerciante e poeta isolava-o dos outros literários, o facto de ele se sentir poeta talvez nos permita justificar o seu carácter misantrópico, reflectindo-se na sua solidão, descritos em muitos dos seus poemas.
O poeta José Joaquim Cesário Verde cresceu num ambiente abastado pertencendo a uma classe burguesa. Cedo manifestou a sua vocação depreciada pelo pai, incentivando-o a optar por outro estilo de vida, mas como jovem intelectual que era foi sempre autodidacta. Num determinado momento da sua vida é atraído pela boémia citadina da qual agravou o seu lado insatisfeito e inadaptado. Cada vez mais integrado na gerência e na exploração da quinta ocupando-se da escrituração, desenvolvendo o comércio da exportação e actualizando métodos de lavoura começa cada vez mais a interessar-se pela natureza e pelas ideias do naturalismo. Assim podemos mais uma vez comprovar a sua aproximação literária da época. Se tivermos em conta o seu especial interesse pelo real, pelas cenas exteriores, por figuras citadinas encontramos uma afinidade pelo realismo. A ligação com o naturalismo verifica-se quando o meio em que o rodeia é determinante nos seus comportamentos, pela sua objectividade dos temas, baseados na natureza e no quotidiano como também pelas formas correctas e exactas encontramos afinidades com Parnasianismo. Esta escola defende uma objectividade concreta, mas a subjectividade do poeta que sofre e que está sempre presente nas suas composições constitui um desvio em relação à escola parnasiana. Por ultimo podemos falar do impressionismo na qual a realidade é retratada e filtrada pelas percepções. O poeta pretende captas as impressões que os objectos lhe deixam através dos sentidos, a poesia quotidiana despoétiza o acto poético, daí a sua poesia começou a ser rotulada de prosaica e concreta. Ele não surpreende os aspectos da realidade, como faz uma reflexão detalhada sobre poesias e condições. A sua representação do real quotidiano é marcada pela captação perfeita de grandes efeitos sinestésicos, de cores, formas, luz... apelidada de visão objectiva, embora não podemos menosprezar uma certa visão subjectiva na qual Cesário procura representar a impressão que o real lhe deixa, levando-o por vezes a transfigurar, a transcender a realidade, transportando-a numa outra.
No entanto, não podemos esquecer que vários poetas da escola francesa como Baudelaire, Victor Hugo, Fradique trouxeram-nos influências de Fin du Siècle, como o sarcasmo, a ironia, o satanismo, as injustiças sociais, a justiça e a liberdade. Cesário inspirando-se nas doutrinas de Proundhan e de Taine, quem ele considerou seu mestre, desenvolveu o seu gosto pelo naturalismo. Partindo sempre da inspiração literatura francesa, encontramos marcas profundas do pensamento da época. Eis algumas características estilísticas e linguísticas bem visíveis na sua poesia, como: vocabulário objectivo e concreto; imagens extremamente visuais com o objectivo de dar uma dimensão realista do mundo (poeta/pintor); pormenor descritivo; a mistura entre o físico e a moral; o uso de sinestesias, metáforas, adjectivações; o uso da técnica descritiva, na expressividade do advérbio, no uso do diminutivo, na utilização da ironia de forma a cortar um pouco com o seu subjectivo. A nível morfossintáctico destaquemos uma vez mais o colorido de uma linguagem coloquial, caracterizada pela técnica impressionista, ou seja, Cesário utiliza uma linguagem prosaica, aproximado da prosa e da linguagem do dia-a-dia. Não esquecendo o predomino de quadras em versos decassilábico (alexandrinos), que personaliza a sua literatura em magistral, solubre e sincera.

domingo, 29 de março de 2009

Vida e (Menina e Moça) de Bernardim Ribeiro

Bernardim Ribeiro, escritor português renascentista, presume-se que terá nascido por volta de 1482 na Vila do Torrão, Alentejo, e terá frequentado a universidade entre 1507 e 1512. Em 1524 foi nomeado escrivão da câmara de D. João III, existindo no entanto, algumas dúvidas de que o escritor e o escrivão fossem a mesma pessoa. Desconhece-se igualmente a data da sua morte. Alguns autores situam-na por volta de 1552, no entanto, na écloga Basto, redigida antes de 1544, Sá de Miranda refere-se ao seu "bom Ribeiro amigo", dando-o como falecido.
Frequentou a corte onde foi poeta conhecido, já que figura entre os colaboradores do Cancioneiro Geral de 1516, de Garcia de Resende
Alguns ensaístas defendem que Bernardim Ribeiro seria de descendência judaica, esta tese surge apoiada noutros factos da vida do autor, como o seu afastamento forçado da corte, talvez mesmo de Portugal, já que a publicação das suas obras teve lugar em cidades estrangeiras, onde havia comunidades de judeus emigrados.
Introduziu em Portugal o bucolismo, espécie de poesia pastoral, que descreve a qualidade ou o carácter dos costumes rurais, exaltando as belezas da vida campestre e da natureza.
Terá sido possivelmente o primeiro a escrever sextina (composição de origem provençal, formada por seis sextilhas e um terceto) na língua portuguesa.
A sua obra principal é a novela Saudades, mais conhecida como Menina e Moça.
A introdução inicia-se com o monólogo da menina que se refugiou, recordando a sua infância, as mudanças funestas e mágoas que agora projectam na Natureza.
Novela sentimental na linha da novelística peninsular, de temática amorosa e cavaleiresca, com fundo bucólico e autobiográfico, como o sugerem os inúmeros anagramas, quer do nome do autor Binmarder, quer de pessoas das suas relações, como Aónia (Joana) ou Avalor (Álvaro).
O feminismo da escrita é um reflexo da sensibilidade do autor, da sua delicadeza e da sua abertura ao valor espiritual da mulher.
O amor, trágico alia-se a um sentimento geral de fatalismo e solidão, numa linguagem que se aproxima do coloquialismo, de extrema riqueza rítmica e lírica. Esta novela veio influenciar claramente a literatura portuguesa, constituindo um fundo sentimental recuperado posteriormente por vários escritores e pelos movimentos românticos e saudosista.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Memória ao Conservatório Real

Antes da representação da peça "Frei Luís de Sousa" em 1848, Almeida Garrett fez a leitura deste texto onde apresenta as ideias gerais da peça. Este acontecimento teve lugar no Conservatório Real em Lisboa, ao qual ofereceu a obra reconhecendo, assim a utilidade daquela instituição em relação à literatura.
O enredo, que não segue cronologicamente os factos, inspirado na vida do escritor seiscentista Frei Luís de Sousa contém toda a simplicidade de uma fábula trágica, mas que o autor considera como um drama, uma vez que não foi escrito em verso como as tragédias clássicas. As personagens da obra são comparadas a personagens mitológicas evidenciando, no entanto, a sua superioridade: "Os remorsos de Édipo não são para comparar aos esquisitos tormentos de coração e de espírito que aqui padece o cavalheiro pundonoroso...".
São evidentes marcas do romantismo como a religiosidade e a morte.
Os acontecimentos progridem dramaticamente até atingirem o sofrimento e a catástrofe provocando no público a piedade e o terror.
Garrett refere como fontes de possível influência na obra, uma representação de teatro ambulante a que assistiu na Póvoa de Varzim e Memória do Sr. Bispo de Viseu, D. Francisco Alexandre Lobo.
Garrett fala no século democrático em que vivem, onde tudo o que se faz deve ser pelo povo e com o povo, porque o povo quer verdade.
Por fim despede-se para a dura, porém útil realidade da vida
.

Discurso Político/Argumentativo

Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral do PCP
Comício de encerramento da Festa do «Avante!»


Aqui estamos neste magnífico comício desta fascinante Festa do "Avante!" e, por isso, a nossa saudação fraterna a todos os que aqui marcam presença!
Mas não nos cansamos de sublinhar que a originalidade, a marca distintiva deste acontecimento político-cultural está como e quem a arquitectou, projectou e construiu!
Sem ser redutor ou injusto face ao esforço de tantos camaradas e amigos de diversas condições e gerações, gostaria de enviar uma saudação combativa e solidária particularmente à juventude e à JCP. A sua participação nas jornadas de trabalho, esta fileira colorida de jovens aqui presentes no comício, a forma como convivem e vivem estes dias, derrotam as teses generalizantes, particularmente daqueles que têm responsabilidades políticas nas dificuldades e nas precariedades da juventude portuguesa, quando consideram que os jovens são egoístas e individuais e não querem saber nada de política.
Esta Festa do "Avante!" dá mais força à nossa confiança de que a juventude não fica parada à espera de ser força do futuro, mas ser força do presente para construir um futuro melhor!
Saudações às dezenas de delegações de Partidos Comunistas e de outras forças progressistas que nos trouxeram o seu exemplo e o seu testemunho, a forma como resistem, lutam, constroem o seu dever colectivo e o dos seus povos e dão expressão forte à componente internacionalista da nossa Festa.
(...)

Na justiça, aquilo que vemos é que nunca um governo foi tão longe na tentativa de condicionar e de controlar o poder judicial pondo em causa a sua independência e a separação de poderes que a Constituição consagra. É de todo inaceitável que cada reforma que o governo faz, como a do mapa judiciário que o PR promulgou, resulte em justiça mais inacessível, em pior justiça para as pessoas. Traço preocupante na evolução do país, que se tem vindo a aprofundar à medida que avança a ofensiva contra os direitos sociais é o empobrecimento do regime democrático com o afrontamento aos direitos e liberdades democráticas.
A democracia sofre ataques inquietantes, com o Governo do PS a enveredar por um caminho perigoso em que se revelam cada vez mais os traços de intolerância e autoritarismo, da repressão do protesto, de policialização da sociedade, de limitações à liberdade de imprensa, de expressão e propaganda, de ataques cada vez mais frequentes aos trabalhadores e aos seus direitos sindicais e laborais e às suas organizações, bem como à autonomia das organizações populares e dos próprios partidos políticos.
Nestes últimos dias os problemas da segurança regressaram à ordem do dia, com o sobressalto e a justa preocupação dos portugueses. Descontado o impacto da excessiva mediatização a que este fenómeno da criminalidade tem sido sujeito, a verdade é que se gerou na sociedade um sentimento de que os criminosos ficam impunes e que o Estado está mais vulnerável ao crime.
Nós, PCP, dizemos claramente: o governo que temos e os que precederam são os únicos responsáveis pela situação a que se chegou. E não apenas pela degradação da situação económica e social que a fomenta, mas pela falta de políticas adequadas na área da segurança - é a gritante e conhecida falta de condições em que vivem e trabalham os profissionais das polícias, é a falta de meios materiais e formação adequada, é sobretudo a falta de polícias nas ruas das nossas vilas e cidades. Todos sentimos isso, há mais crime, mas há menos polícias com menos direitos e menos condições para exercer as suas funções.
A resposta do governo, de tão fraca chega a ser chocante, como temos visto nas últimas semanas do Ministro da Administração Interna e do Primeiro-Ministro Sócrates, perfeitamente ultrapassados pelos acontecimentos. E essa ausência de reposta não consegue ser escondidas pelas mediáticas operações nos chamados bairros pobres das áreas metropolitanas, com rusgas e cercos de efeitos espectaculares mas sem resultados que se vejam.
(...)
Nos próximos meses os membros do Partido vão ser chamados a participar na análise e decisão de orientações sobre a situação do País e do mundo, o desenvolvimento das lutas e dos movimentos de massas, as linhas de acção para promover a ruptura com a política ao imperialismo, para a afirmação de ideal comunista, um rumo de paz e progresso social. Objectivos inseparáveis da discussão e adopção das orientações e medidas para o reforço do PCP, nos planos ideológico, político, organizativo e interventivo e para a ampliação da sua capacidade de mobilização, atracção e da sua influência.
Sabemos o que somos e queremos ser: somos e queremos ser o Partido Comunista Português, com a sua história, a sua luta, a sua identidade, o seu projecto de futuro.
Afirmamos a sua natureza de classe como partido da classe operária e de todos os trabalhadores, aquele que melhor defende os interesses e aspirações de todas as classes e camadas sociais anti-monopolistas. Sublinhamos o seu objectivo supremo da construção de uma sociedade nova, livre da exploração e da opressão, o socialismo e o comunismo.
Destacamos a sua base teórica, o marxismo-leninismo, concepção materialista e dialéctica, ideologia revolucionária e transformadora. Salientamos os seus princípios orgânicos, de desenvolvimento criativo do centralismo democrático.
Somos um partido com uma identidade inconfundível, razão da sua existência, da sua força e do seu papel insubstituível. Sempre com os trabalhadores e o povo, sempre com a soberania e a independência nacionais, sempre com os princípios internacionalistas somos e seremos o Partido Comunista Português.
Por Abril, pelo socialismo.


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Um discurso argumentativo é uma forma de expressão, oral ou escrita, em que se expõem as ideias de forma lógica. A sua estrutura é variável, tendo de integrar os elementos essenciais: a tese e o corpo da argumentação.
A tese é a ideia formulada numa frase breve enunciativa cuja validade o autor tenta demonstrar. Neste discurso a tese encontra-se no quarto parágrafo.
O corpo de argumentos é a exposição das razões que provam a validade da tese. Dentro do corpo de argumentos temos os argumentos positivos que demonstram o valor da tese, e os negativos que refutam os argumentos ou ideias contrárias à tese apresentada. O corpo de argumentos neste discurso está presente desde o sexto até ao décimo terceiro parágrafo. Encontramos os argumentos negativos desde o sexto até ao décimo parágrafo. Aos argumentos positivos podemos dividi-los em três tipos: de autoridade que são as citações e as opiniões de autores de prestígio; os exemplificadores que são os exemplos, as citações literárias ou as experiências pessoais do autor; e os analógicos que são paralelismos ou comparações com outras ideias ou situações semelhantes. Os argumentos exemplificadores estão dispersos no décimo primeiro parágrafo, os de autoridade no décimo segundo, e os analógicos no décimo terceiro.
Para se poder exprimir a ligação lógica de um argumento a outro, recorre-se ao uso de articuladores lógicos.
Estes articulam as diferentes etapas de um plano ou progressão temática, e permitem estabelecer variadas relações. Na relação causa-efeito encontramos a palavra com, e o termo como temos visto. Ex: "...o empobrecimento do regime democrático com o afrontamento aos direitos..."; "...A democracia sofre ataques inquietantes, com o Governo do PS a enveredar por um caminho perigoso..."; "...problemas de segurança regressam à ordem do dia, com o sobressalto e a justa preocupação dos portugueses..."; "... A resposta do governo, de tão fraca chega a ser chocante, como temos visto nas últimas semanas...". Os termos bem como e cada vez mais, dá-nos uma relação de adição. Ex: "...caminho perigoso em que se revelam cada vez mais os traços de intolerância e autoritarismo..."; "...de expressão e propaganda, de ataques cada vez mais frequentes aos trabalhadores e aos seus direitos sindicais..."; "...às suas organizações, bem como à autonomia das organizações populares...". E ainda na relação de oposição encontra-se o termo mas. Ex: "...há mais crime, mas há menos polícia..."; "...com rusgas e efeitos espectaculares mas sem resultados que se vejam...".
Este discurso está organizado com uma estrutura dedutiva, porque o discurso parte de uma ideia geral, tese, para a análise particular de cada um dos argumentos.
A estrutura interna deste discurso divide-se em: Exórdio é a ideia sumária da matéria que vai ser tratada (do primeiro ao quinto parágrafo); Exposição é a apresentação de uma matéria didáctica (do sexto ao décimo parágrafo); Confirmação é o desenvolvimento e a apresentação de provas e factos (do décimo primeiro ao décimo terceiro); Epílogo é a parte final do discurso (décimo quarto e décimo quinto parágrafo).

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Papel da Companhia de Jesus no Brasil

A primeira expedição da Companhia de Jesus no Brasil, em que ia como superior o Padre Manuel da Nóbrega, data da 1549 e foi seguida por numerosas levas de missionários, tornando-se a mais importante e influente ordem na vida colonial brasileira.
Em 1652 chega à ilha do Maranhão o Padre António Vieira, homem de invulgar inteligência, que retorna assim, à sua vocação de missionário. Em breve se apercebera do caos moral em que viviam as gentes do Maranhão, sobretudo os brancos, apenas preocupados com o enriquecimento sem regras. Os índios vivem na maior das misérias e à mercê dos colonos, assim como os negros que começam a vir de África. Logo nos primeiros sermões ataca violentamente a licenciosidade dos costumes e o odioso regime de escravatura que, lá de longe, denuncia ao rei. Mas, com a energia de ferro que sempre caracterizou o seu corpo frágil, desenvolve uma enorme actividade procurando minorar o sofrimento dos mais infelizes, visita os presos, funda um hospital, reparte a sua alimentação, catequiza, fulmina o vício e a luxúria, não deixando nunca de escrever.
A todas as regiões que missionaram, os jesuítas levaram a preocupação pedagógica que os caracterizava, acompanhando as migrações dos indígenas à medida que estes fugiam dos principais centros de colonização, tentando escapar à escravização a que os colonos os
submetiam. Fundaram uma rede de colégios, seminários e escolas primárias e oficinais com ensino gratuito sustentado por explorações agro-pecuárias e outras propriedades legadas para património dos centros de ensino. No campo científico, os missionários da Companhia efectuaram observações que vieram enriquecer o conhecimento das regiões que percorreram. A linguística foi outro campo em que se tornaram beneméritos. A preocupação de aprender as línguas dos povos que evangelizavam levou-os a elaborar gramáticas e dicionários e a publicar obras de catequese e outras nas mais variadas línguas.
No entanto a atitude dos jesuítas em relação à questão indígena, foi dúbia. Se de um lado se posicionaram contra a escravização indígena, por outro confinaram os indígenas nos chamados aldeamentos cristãos, onde, através das catequeses, obrigavam estes povos a abandonar o seu modo tradicional de vida, substituindo as suas crenças e cerimonias pelos rituais cristãos. No entanto, representados por figuras mais capazes de indignação moral, como António Vieira, os jesuítas assumiram grandes riscos na defesa dos índios, o que lhes valeu a expulsão do Brasil, por parte do Marquês de Pombal, que culminou na entrega das missões aos colonos ricos.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

"Os nossos olhos são diferentes todos os dias"

Deparamos todos os dias com novas imagens, imagens que não nos fascinam, imagens banais, imagens que nos remetem para um mundo de indiferença.
A rotina diária leva-nos à distracção, não observamos o que nos rodeia, não passamos tempo a pensar no que estará por detrás daquilo que estamos a ver.
Os nossos olhos são diferentes todos os dias e vamos fazer que essa diferença seja para melhorar, vamos ver mas com "outros" olhos, olhos de quem se importa, olhos de quem quer ver o que está para além da imagem que tem à frente. Vamos fazer com que não só os nossos olhos sejam diferentes mas também os olhos de todos os outros. Vamos fazer com que todos os Homens reparem no que estão a ver.
A maneira como olhamos o mundo, altera-se à medida que vamos crescendo e amadurecendo.

domingo, 28 de setembro de 2008

"Primeiro estranha-se, depois entranha-se"

Aquilo com que nos deparamos a primeira vez e que se pode apresentar de diversas formas: uma imagem, um som, um cheiro, um sabor, diferente de tudo o que experimentámos até então, parece-nos estranho e diferente, como algo que não nos pertence e que por vezes temos relutância em aceitar, mas que ao mesmo tempo nos desperta curiosidade e nos leva a vencer o instinto inicial de estranheza, para nos conquistar pouco a pouco. Depois de algum tempo a aprendermos a "saborear", despertamos para algo de novo que nos dá prazer e reconforta e deixamos que nos envolva para sempre.

domingo, 21 de setembro de 2008

Conspiração na Biblioteca

A biblioteca vazia não era o local ideal para planear o assalto, a conversa em surdina eleva-se no eco, mas a necessidade de utilizar internet para localizar os objectos a roubar levou Alberto e António a escolher as horas de menor afluência. Eu estava no canto junto da janela onde a luz ainda chegava, não me viam, mas as palavras que iam dizendo chegavam e a minha atenção fugiu do estudo e ficou presa àquele plano.
Alberto o mais alto e corpulento parecia liderar o plano, no início da noite seguiriam alguém, não consegui perceber quem. António interpelava-o enquanto Alberto lhe roubaria as chaves que sempre transportava na bolsa na parte de fora da pasta.
A minha respiração acelerou, o meu coração parecia querer saltar do peito, mas continuava à escuta, sem darem pela minha presença.
Não mais de cinco minutos seria o suficiente para toda a operação, um minuto para ficar com a chave, outro para ir abrir a porta e aí sim três minutos para tirar algo que não consegui entender o quê.
O plano parecia chegar ao fim e eu não conseguia saber onde, quando e o quê, a ansiedade tomava conta de mim, não podia chegar mais perto, sem revelar a minha presença.
Alberto levantou-se e saiu dizendo:
- Está tudo certo?!

sábado, 14 de junho de 2008

Sobre Portugal

Frases retiradas do livro de Eça de Queiroz "A Correspondência de Fradique Mendes".


“…Mas além disso Fradique Mendes trabalhava um outro filão poético que me seduzia – o da Modernidade, a notação fina e sóbria das graças e dos horrores da Vida ambiente e costumada, tal como a podemos testemunhar ou pressentir nas ruas que todos trilhamos, nas moradas vizinhas das nossas, nos humildes destinos deslizando em torno de nós por penumbras humildes…”

…”E, entre estes motivos de esplêndido simbolismo, lá vinha o quadro de singela modernidade, as «Velhinhas», cinco velhinhas, com xales de ramagens pelos ombros, um lenço ou um cabaz na mão, sentadas sobre um banco de pedra, num longo silêncio de saudade, a uma réstia de sol de Outono…”

A Lua da Tristeza

Ó lua distante, toda da tua beleza

São sorrisos de tristeza!

Por ti morro, quantos falsos beijaram,

Quantas almas em graça ficaram!

Quantos anjos acabam sem voar

Para que ficasse vosso, o luar!


Será a lua? Tudo é a lua

Se a porta não é a rua.

Quem quer soltar a verdade do poeta

Tem que atravessar os enigmas da descoberta.

Ele ao céu a esperança e a certeza confiou,

Mas dele é a alma que a folha decifrou.


terça-feira, 6 de maio de 2008

Crónica sobre a Revolução dos Cravos

"E depois do adeus" cantado Paulo Carvalho. Senha para o início das operações militares a desencadear pelo Movimento das forças Armadas, foi dada aos microfones dos Emissores Associados de Lisboa, a cinco minutos das vinte e três horas do dia 24 de Abril de 1974. Mas, ao contrário do refrão da canção não mais ficámos sós.
Passados vinte minutos do começo daquele dia glorioso, a transmissão da canção " Grândola Vila Morena" de Zeca Afonso, na rádio Renascença é a confirmação de que as operações militares estão em marcha e são irreversíveis.
O povo sai à rua para saudar a chegada da liberdade e da democracia e também da dignidade perdida, depois de meio século de opressão e medo.
A revolução dos cravos desencadeada pelos Capitães de Abril, tirou Portugal do obscurantismo a que esteve sujeito pelo regime fascista de Salazar e Marcelo Caetano, o povo português acordou nesse dia da anestesia a que esteve submetido durante décadas de sofrimento, de guerra colonial, de atraso económico e cultural. Regressam as liberdades de opinião, de expressão e de imprensa, fala-se sem medo de ser punido por aquilo que se diz e pensa, sem medo de ir para os calabouços da policia política (PIDE) e de ser torturado.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Crónica sobre a violência nas escolas.


Ultimamente somos alertados para o problema da indisciplina nas escolas.

Este problema, acontece envolvendo alunos, professores e funcionários.

Sempre houve indisciplina nas escolas, recentemente mais visível e patente. A desobediência, as distracções, o incumprimento de regras piorou bastante. Podemos apontar culpados? Todos o somos, professores, alunos, auxiliares, encarregados de educação.

O desenvolvimento da sociedade trouxe por arrasto este tipo de comportamento. Antigamente as crianças brincavam na rua, hoje brincam em casa. Distraem-se em frente à televisão, à playstation, e ao computador. Os pais passam muito tempo fora, deixando os filhos sozinhos. Depois compensam-nos erradamente, fazendo-lhes as vontades. Obtendo qualquer coisa, sem esforço, fomentando a noção de facilidade.

O conceito de liberdade não foi bem assimilado, A liberdade individual acaba quando começa a do outro.

Os jovens vão construindo uma identidade própria de forma distorcida. Traduzindo-se num comportamento violento, que pode ser chamado de frustração. Interiorizada pela forma como são tratadas pela sociedade onde vivem. Para quê o esforço de estudar, tirar um curso? Com a taxa de desemprego que existe no país?

De que forma estão bem estruturados os conteúdos das matérias?

A resolução deste problema está longe de ser resolvida. Cada dia há mais desmotivação. O recente estatuto do estudante, é um dos muitos exemplos. Quanto aos professores, as difíceis condições não permitem um feliz desfecho.

segunda-feira, 10 de março de 2008

A nossa relação com os "mass media"

Crónica sobre a influência dos "mass media" na formatação da opinião pessoal

Ler um jornal ou uma revista, ver televisão, ou ouvir rádio passou a ser um acto banal nas nossas vidas. Um acto que nos liga ao mundo, que nos permite viajar no conforto do nosso sofá, sem que, por vezes, tenhamos consciência da sua influência nas nossas vidas e no modo como encaramos a sociedade. Mas até que ponto não desejamos ser seduzidos e enganados na esperança de ver surgir diante dos nossos olhos uma realidade que sabemos não existir e que nos faça esquecer por momentos o mundo trágico onde vivemos? Seremos capazes de decidir e discutir livremente? Permitimos que tudo, quanto ouvimos e lemos repetidamente se torne numa verdade conformista, capaz de nos fascinar e manipular de maneira perigosa, acabando por determinar o nosso comportamento?
Porque as influências estão sempre presentes, tanto no bom como no mau sentido, não devemos permitir que os media assumam o papel de educador e que apenas nos informem e divirtam, cabendo-nos o dever de não nos deixarmos alienar.

domingo, 20 de janeiro de 2008

No meu sonho

No meu sonho
tu eras real
a tua beleza atormentava-me
No meu sonho
não me mentias, não me traías
falavas-me do futuro
e que poderíamos ser felizes
No meu sonho
a tua juventude
preenchia o mundo
No meu sonho
o teu rosto não era apenas luz

domingo, 13 de janeiro de 2008

A Poesia

A poesia é uma forma de arte que demonstra a beleza e o rigor da escrita, utilizando a linguagem humana através de versos.
A poesia é um estado de alma, na medida que exprime sentimentos e emoções de quem os escreve e os desperta em quem os lê. Por vezes não é fácil compreender a poesia, pois muitos autores são pessoas sofridas (muitas delas pondo termo à vida como Florbela Espanca) e transportam para a escrita toda a sua frustração e emoção, inventando novas palavras, formando neologismos.

Para mim, essencialmente, a poesia exprime um grande sentimento de liberdade em que o imaginário e o real se cruzam, onde os poetas através da sua audácia nos revelam uma nova realidade que nos faz ter outra consciência do mundo e nos faz desejar comungar da fraternidade que nos desperta a poesia.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Carta ao PR

Exmo. Sr. Presidente da República

Excelência


Chamo-me Inês Esperança, tenho 14 anos e sou estudante do 10º ano na Escola Secundária José Loureiro Botas em Vieira de Leiria.

Gostaria de lhe falar da minha terra, Praia da Vieira de Leiria, retratada no livro “O Crime do Padre Amaro” de Eça de Queirós.

A Praia da Vieira juntamente com S. Pedro de Moel pertence ao concelho da Marinha Grande, é banhada pelo Oceano Atlântico, foz do rio Lis e fica em pleno coração do pinhal de Leiria. A Praia da Vieira é uma terra de gente acolhedora que recebe muitos turistas, principalmente nos meses de verão, que são atraídos pela simpatia das suas gentes, pela praia e pelo ar puro do pinhal, continua-se a praticar a arte xávega, ancestral actividade piscatória que se hoje tem um papel secundário no sustento do seu povo, foi no princípio do século passado uma das suas principais fontes de sustento.

Hoje em dia as suas gentes trabalham nos mais variados sectores, mas num passado recente trabalhavam essencialmente na indústria vidreira e metalúrgica em Vieira de Leiria, nomeadamente na Fábrica de Vidros Dâmaso e Empresa de Limas Tomé Feteira, a primeira recentemente fechada e a última com poucos trabalhadores actualmente. O turismo de verão faz minimizar a falta de trabalho para as suas gentes.

Os fogos florestais, que no ano em que aconteceram me fizeram viver verdadeiros momentos de medo, juntamente com a poluição do rio Lis, são problemas desta terra que espero ver resolvidos com políticas ambientais cada vez mais exigentes, mas o problema que mais me preocupa é o desassoreamento do areal da Praia da Vieira. Todos os anos no Inverno quando o mar se faz bravo o areal quase desaparece, algumas construções como esplanadas muito usadas pelos turistas no verão estão sempre em risco de derrocada e o mais grave é que poderemos a curto prazo ficar sem praia. Estudos anteriores e promessas feitas pelos políticos prevêem a construção de um esporão a sul da praia, que viria salvar a Praia da Vieira. Os políticos que têm vivido este problema dizem não haver verbas para a sua construção.

Os mais antigos contam, e também já vi em algumas fotos antigas, casas a serem levadas pelo mar aqui na Praia da Vieira.

Perante esta preocupante situação gostaria que visitasse a minha terra, no Inverno, para verificar o problema que lhe conto e com a visita de V. Exa. alertar quem tem a capacidade de resolução.

Respeitosamente.

Inês Esperança.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Comentário à frase de Daniel Pennac.

"O verbo ler não suporta o imperativo. É uma aversão que compartilha com outros: o verbo amar... o verbo sonhar..."


As pessoas usam a leitura de diversos modos, para se manterem actualizadas, por prazer, para aprender, e até porque são obrigados nas escolas.
Daniel Pennac escreveu esta frase a pensar nas pessoas que como eu, não gostam de ser obrigadas a ler, escreveu esta frase que explica que por mais que as pessoas possam ser obrigadas a ler, nunca vão aprender realmente o que é ler, é como se nos obrigassem a sonhar, podem fazê-lo mas nunca vamos sonhar.
Por vezes as pessoas pensam que obrigar os outros a ler é para o seu bem, mas, nem sempre, isso acontece. É como obrigar uma pessoa a amar outra, só deixa dentro dela uma raiva enorme, e deseja nunca mais amar ninguém. Na leitura, quando isso acontece, é de nunca mais voltar a ler.
A leitura deve ser espontânea, o livro deve prender o leitor, só assim o que lemos nos pode fazer sonhar.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Resumo do livro "Boneca de Luxo" de Truman Capote

A história de Holly Golightly, uma jovem provinciana do Texas, que parte para Nova Iorque à procura de luxo e de luxúria, é-nos narrada por um escritor amador seu amigo, “Fred” (Holly chamava-lhe assim por lhe fazer lembrar o seu irmão Fred), quando este tem conhecimento através do amigo comum Joe Bell, dono do bar que costumavam frequentar, de que Holly poderia estar em África. Depois de alguns anos sem saber notícias dela, “Fred” é desperto pelas memórias de Holly.

As vidas de “Fred” e Holly cruzam-se na altura em que são vizinhos, num prédio nos East Seventies, Nova Iorque.

Holly “com um rosto para lá da infância, mas para cá de pertencer a uma mulher feita”, tinha na altura 19 anos e o seu sonho era casar com alguém que a tornasse rica e famosa, enquanto ia levando uma vida boémia, rodeada de homens que a sustentavam, alguns seus amantes, vivendo no entanto sem grande luxo na companhia dum gato. Se por um lado procura uma vida mundana que a faz deslumbrar com uma ida ao Tiffany´s (salão fino de Manhattan), onde cura as doenças da alma que a torturam, “não há nada de realmente terrível que nos possa acontecer ali, com aqueles homens de fatos janotas e o cheiro fantástico da prata e das carteiras de crocodilo”, por outro lado não resiste a cantar e tocar viola quando a nostalgia do campo aparece.

Foi numa noite fria de Setembro que os dois se aproximam, quando Holly entra no quarto de “Fred” pela janela, para fugir ao “mais horrível dos homens” que se encontra em sua casa. Nessa noite “Fred” lê-lhe uma história que escrevera, e Holly conta-lhe que é paga para visitar um velhote na prisão, chamado Sally Tomato, por quem se afeiçoou e de quem traz mensagens para o advogado.

A partir daí a amizade entre eles cresce, e “Fred” conhece alguns dos homens que a cortejam como O. J. Berman e Rusty Trawler, este último acaba por casar com Mag Wildwood, com quem Holly tinha dividido o apartamento. Depois deste episódio Holly engravida do brasileiro José Ybarra-Jaegar (ex noivo de Mag), que promete casar com ela e levá-la para o Brasil.

A amizade e empatia que sentiam um pelo outro ia crescendo. Passavam muito tempo juntos, falavam da infância um do outro. Festejaram um Natal juntos, em casa de Holly, onde havia uma árvore enorme decorada com balões que esta tinha roubado, “Fred” ofereceu-lhe uma medalha de S. Cristóvão comprada no Tiffany´s e Holly presenteou-o com uma gaiola que tinham visto num antiquário.

Um dia “Fred” é abordado por um homem que julga ser o pai de Holly, mas fica atónito quando ele lhe diz que é seu marido e que veio do Texas à sua procura. Doc Golightly conta a “Fred” que ela tinha catorze anos quando casaram em 1938, depois de lhe ter dado guarida a ela e ao irmão, quando eles apareceram em sua casa, esfomeados. Holly tinha prometido que tomava conta dele e dos seus filhos, mas passado tempo fugiu deixando-os a todos com o coração destroçado.

Doc encontra-se com Holly, mas esta convence-o a voltar para casa sem ela. “Não podemos confiar o coração a um animal selvagem…”, foi aí que Doc errou ao confiar nela que era como um animal selvagem, com um grande coração. “… preferia ter cancro a um coração falso”, disse um dia.

Mais tarde Doc informa Holly que o seu irmão Fred tinha morrido na Guerra, deixando-a devastada com a notícia, ao ponto de ser socorrida por um médico devido a um ataque de fúria. Durante uns meses Holly refugiou-se em casa, tendo sido nessa altura que José Ybarra-Jaegar se muda para casa dela. No entanto não perdera o interesse pela vida e parecia mais feliz do que nunca. Quando Ybarra se ausentava, Holly e “Fred” passavam muitas tardes juntas, caminhando por Chinatown, contemplando os barcos na Ponte de Brooklyn, não era preciso falar muito, porque tinham uma tal empatia, que muitas vezes um silêncio afectuoso dizia mais que mil palavras.

Um dia, quando Holly está em casa de “Fred” a cuidar dele depois duma aparatosa queda de cavalo, são surpreendidos pela polícia que leva Holly para a esquadra.

A sua foto aparece então nas primeiras páginas dos jornais: “Círculo da droga a nu, jovem acompanhante presa”. Holly tinha sido presa por alegadamente estar envolvida num negócio internacional de contrabando de droga relacionado com Sally Tomato. “Fred” entra em contacto com O. J. Berman para que este lhe arranje um advogado, que a consegue libertar.

Mais tarde quando “Fred” a visita no hospital, onde ela se encontra por ter sofrido um aborto, entrega-lhe uma carta de José Ybarra-Jaegar a acabar com o namoro e a despedir-se. Mas, Holly não desanima e diz a “Fred” que se vai embora para o Brasil, aproveitando a reserva de avião feito por Ybarra. “Fred” tenta em vão demovê-la, mas ela não desiste até porque tem a consciência tranquila em relação ao seu envolvimento com Tomato.

Depois de “Fred” se ter encarregue de ir a casa dela buscar as suas coisas e o gato, despedem-se no bar de Joe Bell.

A imprensa noticia tanto o seu desaparecimento como mais tarde a sua presença no Rio de Janeiro. O assunto acaba por cair no esquecimento, uma vez que não foi recambiada pelas autoridades e só voltou a ser recordado quando Sally Tomato morreu.

Muito mais tarde “Fred” recebe um postal de Holly: “O Brasil foi um horror mas Buenos Aires é do melhor que há. Não é bem o Tiffany´s mas quase…” e que lhe mandaria a morada definitiva assim que encontrasse casa, mantida por um homem casado com sete filhos.

Mas a morada nunca chegou para tristeza de “Fred” que tinha algumas histórias para lhe contar, a principal é que tinha mantido a promessa de encontrar o gato que ela abandonara e a quem nunca tinha dado nome, “Mas eu não tenho qualquer direito de lhe pôr um nome: vai ter de esperar até pertencer a alguém. Nós apenas nos encontrámos um belo dia à beira-rio, não pertencemos um ao outro; ele e eu somos independentes”.