domingo, 28 de setembro de 2008

"Primeiro estranha-se, depois entranha-se"

Aquilo com que nos deparamos a primeira vez e que se pode apresentar de diversas formas: uma imagem, um som, um cheiro, um sabor, diferente de tudo o que experimentámos até então, parece-nos estranho e diferente, como algo que não nos pertence e que por vezes temos relutância em aceitar, mas que ao mesmo tempo nos desperta curiosidade e nos leva a vencer o instinto inicial de estranheza, para nos conquistar pouco a pouco. Depois de algum tempo a aprendermos a "saborear", despertamos para algo de novo que nos dá prazer e reconforta e deixamos que nos envolva para sempre.

domingo, 21 de setembro de 2008

Conspiração na Biblioteca

A biblioteca vazia não era o local ideal para planear o assalto, a conversa em surdina eleva-se no eco, mas a necessidade de utilizar internet para localizar os objectos a roubar levou Alberto e António a escolher as horas de menor afluência. Eu estava no canto junto da janela onde a luz ainda chegava, não me viam, mas as palavras que iam dizendo chegavam e a minha atenção fugiu do estudo e ficou presa àquele plano.
Alberto o mais alto e corpulento parecia liderar o plano, no início da noite seguiriam alguém, não consegui perceber quem. António interpelava-o enquanto Alberto lhe roubaria as chaves que sempre transportava na bolsa na parte de fora da pasta.
A minha respiração acelerou, o meu coração parecia querer saltar do peito, mas continuava à escuta, sem darem pela minha presença.
Não mais de cinco minutos seria o suficiente para toda a operação, um minuto para ficar com a chave, outro para ir abrir a porta e aí sim três minutos para tirar algo que não consegui entender o quê.
O plano parecia chegar ao fim e eu não conseguia saber onde, quando e o quê, a ansiedade tomava conta de mim, não podia chegar mais perto, sem revelar a minha presença.
Alberto levantou-se e saiu dizendo:
- Está tudo certo?!