segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Carta ao PR

Exmo. Sr. Presidente da República

Excelência


Chamo-me Inês Esperança, tenho 14 anos e sou estudante do 10º ano na Escola Secundária José Loureiro Botas em Vieira de Leiria.

Gostaria de lhe falar da minha terra, Praia da Vieira de Leiria, retratada no livro “O Crime do Padre Amaro” de Eça de Queirós.

A Praia da Vieira juntamente com S. Pedro de Moel pertence ao concelho da Marinha Grande, é banhada pelo Oceano Atlântico, foz do rio Lis e fica em pleno coração do pinhal de Leiria. A Praia da Vieira é uma terra de gente acolhedora que recebe muitos turistas, principalmente nos meses de verão, que são atraídos pela simpatia das suas gentes, pela praia e pelo ar puro do pinhal, continua-se a praticar a arte xávega, ancestral actividade piscatória que se hoje tem um papel secundário no sustento do seu povo, foi no princípio do século passado uma das suas principais fontes de sustento.

Hoje em dia as suas gentes trabalham nos mais variados sectores, mas num passado recente trabalhavam essencialmente na indústria vidreira e metalúrgica em Vieira de Leiria, nomeadamente na Fábrica de Vidros Dâmaso e Empresa de Limas Tomé Feteira, a primeira recentemente fechada e a última com poucos trabalhadores actualmente. O turismo de verão faz minimizar a falta de trabalho para as suas gentes.

Os fogos florestais, que no ano em que aconteceram me fizeram viver verdadeiros momentos de medo, juntamente com a poluição do rio Lis, são problemas desta terra que espero ver resolvidos com políticas ambientais cada vez mais exigentes, mas o problema que mais me preocupa é o desassoreamento do areal da Praia da Vieira. Todos os anos no Inverno quando o mar se faz bravo o areal quase desaparece, algumas construções como esplanadas muito usadas pelos turistas no verão estão sempre em risco de derrocada e o mais grave é que poderemos a curto prazo ficar sem praia. Estudos anteriores e promessas feitas pelos políticos prevêem a construção de um esporão a sul da praia, que viria salvar a Praia da Vieira. Os políticos que têm vivido este problema dizem não haver verbas para a sua construção.

Os mais antigos contam, e também já vi em algumas fotos antigas, casas a serem levadas pelo mar aqui na Praia da Vieira.

Perante esta preocupante situação gostaria que visitasse a minha terra, no Inverno, para verificar o problema que lhe conto e com a visita de V. Exa. alertar quem tem a capacidade de resolução.

Respeitosamente.

Inês Esperança.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Comentário à frase de Daniel Pennac.

"O verbo ler não suporta o imperativo. É uma aversão que compartilha com outros: o verbo amar... o verbo sonhar..."


As pessoas usam a leitura de diversos modos, para se manterem actualizadas, por prazer, para aprender, e até porque são obrigados nas escolas.
Daniel Pennac escreveu esta frase a pensar nas pessoas que como eu, não gostam de ser obrigadas a ler, escreveu esta frase que explica que por mais que as pessoas possam ser obrigadas a ler, nunca vão aprender realmente o que é ler, é como se nos obrigassem a sonhar, podem fazê-lo mas nunca vamos sonhar.
Por vezes as pessoas pensam que obrigar os outros a ler é para o seu bem, mas, nem sempre, isso acontece. É como obrigar uma pessoa a amar outra, só deixa dentro dela uma raiva enorme, e deseja nunca mais amar ninguém. Na leitura, quando isso acontece, é de nunca mais voltar a ler.
A leitura deve ser espontânea, o livro deve prender o leitor, só assim o que lemos nos pode fazer sonhar.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Resumo do livro "Boneca de Luxo" de Truman Capote

A história de Holly Golightly, uma jovem provinciana do Texas, que parte para Nova Iorque à procura de luxo e de luxúria, é-nos narrada por um escritor amador seu amigo, “Fred” (Holly chamava-lhe assim por lhe fazer lembrar o seu irmão Fred), quando este tem conhecimento através do amigo comum Joe Bell, dono do bar que costumavam frequentar, de que Holly poderia estar em África. Depois de alguns anos sem saber notícias dela, “Fred” é desperto pelas memórias de Holly.

As vidas de “Fred” e Holly cruzam-se na altura em que são vizinhos, num prédio nos East Seventies, Nova Iorque.

Holly “com um rosto para lá da infância, mas para cá de pertencer a uma mulher feita”, tinha na altura 19 anos e o seu sonho era casar com alguém que a tornasse rica e famosa, enquanto ia levando uma vida boémia, rodeada de homens que a sustentavam, alguns seus amantes, vivendo no entanto sem grande luxo na companhia dum gato. Se por um lado procura uma vida mundana que a faz deslumbrar com uma ida ao Tiffany´s (salão fino de Manhattan), onde cura as doenças da alma que a torturam, “não há nada de realmente terrível que nos possa acontecer ali, com aqueles homens de fatos janotas e o cheiro fantástico da prata e das carteiras de crocodilo”, por outro lado não resiste a cantar e tocar viola quando a nostalgia do campo aparece.

Foi numa noite fria de Setembro que os dois se aproximam, quando Holly entra no quarto de “Fred” pela janela, para fugir ao “mais horrível dos homens” que se encontra em sua casa. Nessa noite “Fred” lê-lhe uma história que escrevera, e Holly conta-lhe que é paga para visitar um velhote na prisão, chamado Sally Tomato, por quem se afeiçoou e de quem traz mensagens para o advogado.

A partir daí a amizade entre eles cresce, e “Fred” conhece alguns dos homens que a cortejam como O. J. Berman e Rusty Trawler, este último acaba por casar com Mag Wildwood, com quem Holly tinha dividido o apartamento. Depois deste episódio Holly engravida do brasileiro José Ybarra-Jaegar (ex noivo de Mag), que promete casar com ela e levá-la para o Brasil.

A amizade e empatia que sentiam um pelo outro ia crescendo. Passavam muito tempo juntos, falavam da infância um do outro. Festejaram um Natal juntos, em casa de Holly, onde havia uma árvore enorme decorada com balões que esta tinha roubado, “Fred” ofereceu-lhe uma medalha de S. Cristóvão comprada no Tiffany´s e Holly presenteou-o com uma gaiola que tinham visto num antiquário.

Um dia “Fred” é abordado por um homem que julga ser o pai de Holly, mas fica atónito quando ele lhe diz que é seu marido e que veio do Texas à sua procura. Doc Golightly conta a “Fred” que ela tinha catorze anos quando casaram em 1938, depois de lhe ter dado guarida a ela e ao irmão, quando eles apareceram em sua casa, esfomeados. Holly tinha prometido que tomava conta dele e dos seus filhos, mas passado tempo fugiu deixando-os a todos com o coração destroçado.

Doc encontra-se com Holly, mas esta convence-o a voltar para casa sem ela. “Não podemos confiar o coração a um animal selvagem…”, foi aí que Doc errou ao confiar nela que era como um animal selvagem, com um grande coração. “… preferia ter cancro a um coração falso”, disse um dia.

Mais tarde Doc informa Holly que o seu irmão Fred tinha morrido na Guerra, deixando-a devastada com a notícia, ao ponto de ser socorrida por um médico devido a um ataque de fúria. Durante uns meses Holly refugiou-se em casa, tendo sido nessa altura que José Ybarra-Jaegar se muda para casa dela. No entanto não perdera o interesse pela vida e parecia mais feliz do que nunca. Quando Ybarra se ausentava, Holly e “Fred” passavam muitas tardes juntas, caminhando por Chinatown, contemplando os barcos na Ponte de Brooklyn, não era preciso falar muito, porque tinham uma tal empatia, que muitas vezes um silêncio afectuoso dizia mais que mil palavras.

Um dia, quando Holly está em casa de “Fred” a cuidar dele depois duma aparatosa queda de cavalo, são surpreendidos pela polícia que leva Holly para a esquadra.

A sua foto aparece então nas primeiras páginas dos jornais: “Círculo da droga a nu, jovem acompanhante presa”. Holly tinha sido presa por alegadamente estar envolvida num negócio internacional de contrabando de droga relacionado com Sally Tomato. “Fred” entra em contacto com O. J. Berman para que este lhe arranje um advogado, que a consegue libertar.

Mais tarde quando “Fred” a visita no hospital, onde ela se encontra por ter sofrido um aborto, entrega-lhe uma carta de José Ybarra-Jaegar a acabar com o namoro e a despedir-se. Mas, Holly não desanima e diz a “Fred” que se vai embora para o Brasil, aproveitando a reserva de avião feito por Ybarra. “Fred” tenta em vão demovê-la, mas ela não desiste até porque tem a consciência tranquila em relação ao seu envolvimento com Tomato.

Depois de “Fred” se ter encarregue de ir a casa dela buscar as suas coisas e o gato, despedem-se no bar de Joe Bell.

A imprensa noticia tanto o seu desaparecimento como mais tarde a sua presença no Rio de Janeiro. O assunto acaba por cair no esquecimento, uma vez que não foi recambiada pelas autoridades e só voltou a ser recordado quando Sally Tomato morreu.

Muito mais tarde “Fred” recebe um postal de Holly: “O Brasil foi um horror mas Buenos Aires é do melhor que há. Não é bem o Tiffany´s mas quase…” e que lhe mandaria a morada definitiva assim que encontrasse casa, mantida por um homem casado com sete filhos.

Mas a morada nunca chegou para tristeza de “Fred” que tinha algumas histórias para lhe contar, a principal é que tinha mantido a promessa de encontrar o gato que ela abandonara e a quem nunca tinha dado nome, “Mas eu não tenho qualquer direito de lhe pôr um nome: vai ter de esperar até pertencer a alguém. Nós apenas nos encontrámos um belo dia à beira-rio, não pertencemos um ao outro; ele e eu somos independentes”.