quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Papel da Companhia de Jesus no Brasil

A primeira expedição da Companhia de Jesus no Brasil, em que ia como superior o Padre Manuel da Nóbrega, data da 1549 e foi seguida por numerosas levas de missionários, tornando-se a mais importante e influente ordem na vida colonial brasileira.
Em 1652 chega à ilha do Maranhão o Padre António Vieira, homem de invulgar inteligência, que retorna assim, à sua vocação de missionário. Em breve se apercebera do caos moral em que viviam as gentes do Maranhão, sobretudo os brancos, apenas preocupados com o enriquecimento sem regras. Os índios vivem na maior das misérias e à mercê dos colonos, assim como os negros que começam a vir de África. Logo nos primeiros sermões ataca violentamente a licenciosidade dos costumes e o odioso regime de escravatura que, lá de longe, denuncia ao rei. Mas, com a energia de ferro que sempre caracterizou o seu corpo frágil, desenvolve uma enorme actividade procurando minorar o sofrimento dos mais infelizes, visita os presos, funda um hospital, reparte a sua alimentação, catequiza, fulmina o vício e a luxúria, não deixando nunca de escrever.
A todas as regiões que missionaram, os jesuítas levaram a preocupação pedagógica que os caracterizava, acompanhando as migrações dos indígenas à medida que estes fugiam dos principais centros de colonização, tentando escapar à escravização a que os colonos os
submetiam. Fundaram uma rede de colégios, seminários e escolas primárias e oficinais com ensino gratuito sustentado por explorações agro-pecuárias e outras propriedades legadas para património dos centros de ensino. No campo científico, os missionários da Companhia efectuaram observações que vieram enriquecer o conhecimento das regiões que percorreram. A linguística foi outro campo em que se tornaram beneméritos. A preocupação de aprender as línguas dos povos que evangelizavam levou-os a elaborar gramáticas e dicionários e a publicar obras de catequese e outras nas mais variadas línguas.
No entanto a atitude dos jesuítas em relação à questão indígena, foi dúbia. Se de um lado se posicionaram contra a escravização indígena, por outro confinaram os indígenas nos chamados aldeamentos cristãos, onde, através das catequeses, obrigavam estes povos a abandonar o seu modo tradicional de vida, substituindo as suas crenças e cerimonias pelos rituais cristãos. No entanto, representados por figuras mais capazes de indignação moral, como António Vieira, os jesuítas assumiram grandes riscos na defesa dos índios, o que lhes valeu a expulsão do Brasil, por parte do Marquês de Pombal, que culminou na entrega das missões aos colonos ricos.

Sem comentários: