domingo, 29 de março de 2009

Vida e (Menina e Moça) de Bernardim Ribeiro

Bernardim Ribeiro, escritor português renascentista, presume-se que terá nascido por volta de 1482 na Vila do Torrão, Alentejo, e terá frequentado a universidade entre 1507 e 1512. Em 1524 foi nomeado escrivão da câmara de D. João III, existindo no entanto, algumas dúvidas de que o escritor e o escrivão fossem a mesma pessoa. Desconhece-se igualmente a data da sua morte. Alguns autores situam-na por volta de 1552, no entanto, na écloga Basto, redigida antes de 1544, Sá de Miranda refere-se ao seu "bom Ribeiro amigo", dando-o como falecido.
Frequentou a corte onde foi poeta conhecido, já que figura entre os colaboradores do Cancioneiro Geral de 1516, de Garcia de Resende
Alguns ensaístas defendem que Bernardim Ribeiro seria de descendência judaica, esta tese surge apoiada noutros factos da vida do autor, como o seu afastamento forçado da corte, talvez mesmo de Portugal, já que a publicação das suas obras teve lugar em cidades estrangeiras, onde havia comunidades de judeus emigrados.
Introduziu em Portugal o bucolismo, espécie de poesia pastoral, que descreve a qualidade ou o carácter dos costumes rurais, exaltando as belezas da vida campestre e da natureza.
Terá sido possivelmente o primeiro a escrever sextina (composição de origem provençal, formada por seis sextilhas e um terceto) na língua portuguesa.
A sua obra principal é a novela Saudades, mais conhecida como Menina e Moça.
A introdução inicia-se com o monólogo da menina que se refugiou, recordando a sua infância, as mudanças funestas e mágoas que agora projectam na Natureza.
Novela sentimental na linha da novelística peninsular, de temática amorosa e cavaleiresca, com fundo bucólico e autobiográfico, como o sugerem os inúmeros anagramas, quer do nome do autor Binmarder, quer de pessoas das suas relações, como Aónia (Joana) ou Avalor (Álvaro).
O feminismo da escrita é um reflexo da sensibilidade do autor, da sua delicadeza e da sua abertura ao valor espiritual da mulher.
O amor, trágico alia-se a um sentimento geral de fatalismo e solidão, numa linguagem que se aproxima do coloquialismo, de extrema riqueza rítmica e lírica. Esta novela veio influenciar claramente a literatura portuguesa, constituindo um fundo sentimental recuperado posteriormente por vários escritores e pelos movimentos românticos e saudosista.

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